Depois de cinco assaltos, um furto e uma tentativa de seqüestro, “naturalmente” desenvolvi indícios de síndrome do pânico. É terrível. Raramente estou em casa. Quando estou, raramente tem mais alguém. Quando estou em crise, levo duas horas para tomar banho. Nos primeiros cem minutos, abro e fecho a porta do banheiro várias vezes. É só eu trancá-la que ouço barulho do cadeado da sala sendo aberto. Pé por pé confiro que não passa de imaginação, projeção do medo. Ligo o chuveiro e escuto passos na casa. Novamente, cauteloso checo e, surpresa, é coisa da minha cabeça. Toca o telefone. Sacanagem: do outro lado da linha ninguém se pronuncia. Perdi a noção do limite entre o que imagino e o que de fato ouço quando estas ocasiões vêm à tona. Na rua o temor é ainda mais superdimensionado. É um terror. Tenho medo até da minha sombra. Não precisa me cutucar para que eu assuste. Basta me fazer cócegas. Quando me toquei que se trata de pânico, me tornei devoto de São Jorge e recorro à intercessão dele sempre que me vejo diante de uma situação real ou imaginária de assalto ou qualquer outro risco. Desde então, fiz dessa música do Jorge Ben Jor a minha oração a São Jorge Guerreiro. Na verdade, Jorge fez da oração a letra da música:
Jorge sentou na praça
Na cavalaria
Eu estou feliz
Porque eu também
Sou da sua Companhia
Eu estou vestido
Com as roupas
E as armas de Jorge
Para que meu inimigos
Tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos
Tenham mãos e não me toquem
Para que meus inimigos
Tenham olhos e não me vejam
E nem mesmo pensamento
Eles possam ter
Para me fazerem mal
Armas de fogo
Meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
Sem o meu corpo tocar
Cordas e correntes se arrebentem
Sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido
Com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de Capadócia
Salve Jorge, salve Jorge
Salve Jorge, salve Jorge
4 comentários:
Salve João!
relaaaxa! tb ouço coisas, rs
tenho são jorge em dois lugares (além do meu coração, claro): ao lado do meu computador, em casa, um vermelho, de camurça, presente de um amigo. o outro está na redação do jornal que trabalho. serenar, serenar....
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