sábado, 1 de março de 2008

Chega de saudade


Para me matar de inveja, saudade e vontade, Alessandro, de novo no Rio de Janeiro, acaba de me contar que logo mais haverá show em Ipanema. Os 50 anos da bossa nova! Ai, meu Deus: meu estilo musicial preferido na minha praia predileta. Queria um teletransportador. Passei o último réveillon no Rio. Todo mundo deve fazer isso ao menos uma vez na vida. Sinceramente, Copacabana não me surpreendeu. De certa forma, até me desiludiu. Seco por bossa nova, tive de adentrar 2008 ouvindo o funk do DJ Marlboro. Enquanto isso, o prefeito Cesar Maia (DEM) estava na Bahia porque um anjo, em sonho, o aconselhou a não passar as próximas 10 viradas de ano na cidade que administra até o fim do ano.


Fica aqui artigo da Ruth Aquino, redatora-chefe de Época. Concordo em número, gênero musical e grau.



05/01/2008 - 12:02 Edição nº 503
O Réveillon do pancadão
O funk em Copacabana foi um desrespeito à população do Rio

Algo não bate bem na cabeça do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia. Não tenho nada contra o DJ Marlboro nem contra os artistas das favelas, mas um show de hora e meia de funk é desrespeito a um dos réveillons mais charmosos do mundo, na praia de Copacabana. Não faz justiça à riqueza da música popular brasileira, num ano em que a bossa nova comemora seu cinqüentenário. O pancadão foi reproduzido de um palco na areia para 36 torres com 600 caixas de som e 150 amplificadores, espalhados pela praia. Funk ensurdecedor no bairro do Rio com o maior número de idosos? É, no mínimo, falta de tato. A imprensa festejou a "consagração definitiva do funk carioca" e "as coreografias sensuais das meninas em trenzinhos nas areias". O DJ Marlboro emocionou-se "depois de tantos anos de luta contra o preconceito". "Alguma banda já estreou para dois milhões de pessoas?", perguntou com orgulho. Ninguém perguntou aos milhões de pais, jovens, crianças, avós, turistas, e estrangeiros se o som do réveillon não deveria ser mais ecumênico. Samba, forró, axé, instrumental clássico, sertanejo, chorinho, bossa nova, rock, pop...e até funk por alguns minutos. Ou nada. Show nenhum. Respeito as bandas funk, mas abomino letras que jogam pesado no tripé sexo-drogas-armas. O DJ Marlboro também é contra "os funks proibidões", hinos que fazem apologia ao tráfico e deseducam a criançada. Inacreditável a altura do som do batidão. Eu estava em Copacabana na noite de 31, no apartamento de amigos, e fiquei chocada. Não se podia conversar depois de meia-noite sem gritar, aos berros. Só a leitura labial salvava. Pelo regulamento da prefeitura, essa poluição sonora não seria ilegal? O DJ Marlboro tinha um som com potência de 400 mil watts/rms. Isso equivale a quatro vezes o barulho de um jato militar, já considerado prejudicial à audição. Lembrei o tempo em que o réveillon do Rio não tinha show. Perto da meia-noite, a procissão de branco seguia para a praia de Copacabana pelas ruas transversais, corredores de vento com cheiro de maresia. Na areia, o som vinha dos cantos das baianas, os tambores do candomblé, as saudações dos espíritos, os brindes em família e entre amigos. Ou dos vendedores de milho, coco e flores murchas de última hora. Pasmem...Ouvíamos o barulho das ondas. Parece nostalgia, e é mesmo. Para que essa obsessão de música frenética sem parar? Uma hora e meia de funk na praia, diante de centenas de prédios residenciais com famílias, é uma imposição. Ou você gosta ou some. É a ditadura de um modismo, de uma minoria, estimulada pela demagogia de um prefeito que não sai do computador, e que deve escutar música erudita com fones. É o falso resgate da cultura dos guetos. Cesar Maia diz que não precisa ir às ruas para administrar a cidade. Em 2008, o carioca poderá enfim trocar o prefeito virtual por um prefeito real. Por e-mail, Cesar não conteve nem a favelização irresponsável nem a decadência do espaço público. No ano passado, em outubro, quando o Túnel Rebouças - na Zona Sul do Rio - foi bloqueado por um deslizamento de terra após temporal, provocando o caos na cidade, Cesar Maia se mandou para a Guatemala, como “estudioso”, para acompanhar o processo eleitoral guatemalteco. Um prefeito que, há muitos anos, se assumia ‘maluquinho’, pedia sorvete em açougue, vestia-se de gari e usava jaqueta em verão escaldante. Chegou a ser bom administrador. Hoje, pela falta de iniciativa e por declarações que irritam a população, é acusado de omisso e meio pancadão.

Um comentário:

Unknown disse...

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